No bate-papo do Gmail.

Ele sempre que me vê online puxa papo. Uma conversa, uma besteira, um assunto corriqueiro. O festival do Rio.

- e aí Bonita, como estão as coisas?
- tudo bem.
- O festival do Rio começou, tem um filme que é sua cara. Alternativo. O nome é Uzbeque.
Não sei se porquê ele acha isso. Acho que é porque uma vez convide-o para ir comigo e com o João assistir um filme no Cineodeon. Aí ele ficou com essa impressão que eu sou moderninha. (A Cláudia também diz que sou moderninha, mas acho que é porque eu adoro as roupas da Casa de Noca, que são super conservadoras com estilo retrô, o que valoriza o meu quadril). Enfim, ele me acha moderninha. Mal sabe ele que eu, no afã do meu pudor, tento ser moderna por vergonha de ser tão careta me escondo no estériotipo alheio. Para mim é mais fácil ser o que não sou, do que representar em cima do palco da vida aquilo que sou de verdade. Depois disse que sou corajosa e que a beleza alheia - que me pertence meio que de forma desmerecida - ajuda a me caracterizar melhor. Desse jeito, acabo não sendo aquela que ia pro Letras de madrugada e cruzava as pernas diferente - eu não sei se cruzo assim, ou assado, mas definitivamente não gosto nem do Millôr e nem do Glauber - Acho os dois um saco. Com exceção de admirar a personalidade e inteligência do segundo, continuo odiando o cinema novo. Não entendo o cinema novo e sou careta. Sou tão careta que amo Paris e leio revista de fofoca. Imagine só, em tempos em que quem põe a bunda em Caras, não põe a cara em Bundas e eu lendo sobre o casamento da Sandy no site da Globo. Aliás, que vestido cafona ela usou hein? Até Wanessa (pronuncia-se uanessa, desde que ela foi numa taróloga sabe-tudo) Camargo já aprendeu a tomar um banho de loja DECENTE.
E por falar em taróloga sabe tudo, fica aqui o final da conversa, porque ele sabe das coisas e me convence do que pensa; e nem precisa colocar as cartas para isso. Sinistro esse garoto! Só precisa me chamar para uma caipirinha, e não pro vinho no verão que vem!
- não acho, tenho certeza vc escreve muito bem, é criativa. Tem talento, tem pontos de vista fortes, defende o que pensa e vai a fundo no que cria. Se fosse feia, seria o estereótipo da intelectual do café de uma livraria em Ipanema. - Aquelas que cruzam a perna diferente das outras, opinam sobre tudo e fazem cara feia pra quem diz que gosta de Millôr - mas o talento te deu modéstia, e a beleza te salva do estereótipo. Parabéns. E sorte a sua!
ps. Depois do Cineodeon fomos para uma festa Gay, numa boate em Ipanema. Mas ele quis voltar para casa! Nada moderninho esse cara!

E SE...

O "se" é algumas vezes uma partícula apassivadora e outras um predicado de problemas. Pare para pensar, metade dos seus problemas - para não dizer a maioria deles - é causado pelo Se.

Se eu tivesse dinheiro, se eu tivesse ligado, se você não tivesse feito isso, se você se importasse, se eu não fosse idiota, se você tivesse feito isso, se você tivesse me escutado, se eu tivesse aceitado, se eu não tivesse aceitado, se você não tivesse bebido, se eu não tivesse gritado, se você tivesse se desculpado, se eu tivesse atendido a ligação, se ela não existisse. Enfim, posso passar o dia inteiro escrevendo sobre as inúmeras possibilidades de problemas que o SE traz para nossa vida constantemente.

Hoje, curiosamente, parei para pensar nos meus "se's" e fiquei imaginando como resolver esse impasse. Ou falta da realidade que o SE traz. Porque, claro, o se nunca é real. Ele é somente uma hipótese do problema que poderia ter sido evitado, SE... Agora, já que a gente sabe que o SE traz tanto problema e provoca tanta confusão, por que diabos a gente simplesmente não anula o SE de nossas vidas? Pense, pode até ser mais simples viver SE você tirar o Se. Que tal viver a realidade que existe, tal qual como ela é e simplesmente se preocupar com o que existe? Eu sei que não é nada fácil trazer à tona apenas a realidade, sem ajuda do Se e do que seria Se. Mas eu tenho quase certeza que, depois de algum tempo, a gente pode acabar sorrindo de nós mesmo e do antes com a vida cheia de Se. Viva o que nós somos, sem Se. Viva a realidade que existe, sem Se. E sem mais. Ponto
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